terça-feira, 3 de maio de 2016

PF em campanha salarial promete mais investigação no PT caso não sejam atendidos

Campanha salarial pode 'repercutir' em apuração sobre PT, dizem policiais



Em campanha salarial, a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) afirmou em nota oficial que a eventual resistência do governo em atender os pleitos da entidade pode gerar impactos nas investigações de corrupção relacionadas a lideranças do PT, partido da presidente Dilma Rousseff.

O comunicado, emitido nesta segunda-feira (2), diz que, se a decisão do Executivo federal descontentar os policiais federais, "analistas da PF" preveem "uma onda de revolta da categoria em relação ao PT, o que poderá repercutir até nas investigações de corrupção envolvendo lideranças do partido".

O texto não especifica quem são os especialistas responsáveis pela previsão. A Federação também relaciona o comportamento do governo diante das reivindicações com as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em agosto.

"Um resultado desfavorável [à Fenapef] poderá levar os policiais federais a manifestações nacionais, com pedido de apoio à população, bem como estabelecerá um ambiente de descontentamento tão grande que poderá comprometer a segurança dos Jogos Olímpicos", adianta o texto.

Luís Antônio Boudens, presidente da entidade, que representa policiais das mais variadas funções (delegados, agentes, escrivães e papiloscopistas), convocou 27 sindicatos filiados para irem à Brasília nesta segunda. Representantes da categoria vão se reunir com o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, às 17 horas.
"Os policiais federais vão exercer forte pressão nesta fase final das negociações", resume a Fenapef, na nota.

Em outro trecho, a entidade sustenta a importância de que o Executivo não venha a conceder benefícios apenas a uma parte dos policiais. Acrescenta que uma minoria de delegados se dispõe a atacar diretamente o governo, "usando como intimidação a [Operação] Lava Jato e a opinião pública" e faz um alerta importante.

"Privilegiar os delegados agora seria indicativo de que o governo sofre da Síndrome de Estocolmo –simpatia por quem lhe impõe vexação pública", diz o comunicado.

Os policiais federais pleiteiam correção salarial, concurso público único para ingresso na corporação e mais autonomia. Luís Antônio Boudens acrescentou ainda que levará a Eugênio Aragão pedidos de alteração no regimento da PF, recém-elaborado.

Sobre os trechos que relacionam o sucesso da campanha sindical à forma de atuação da PF em investigações e nos Jogos Olímpicos, o presidente da entidade afirmou que iria se informar sobre o conteúdo da nota oficial com os responsáveis pelo texto e entraria em contato.

Salário Mínimo cresceu 77% acima da inflação, mas o Temer vai acabar com isso

Salário mínimo cresceu 77% desde 2002, diz Ministério do Trabalho

Heloisa Cristaldo 
Da Agência Brasil

O salário mínimo aumentou 77,18% acima da inflação desde 2002, passando de R$ 496 (valor atualizado de acordo com a inflação) para R$ 880 em 2016. Os dados foram divulgados neste domingo (1º) pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a valorização alcança diretamente 48,3 milhões de pessoas, que têm seus rendimentos referenciados no mínimo.
Em 2017, o salário mínimo deve ser reajustado para R$ 946, conforme a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Somente neste ano, de acordo com Dieese, o reajuste deve injetar R$ 57 bilhões na economia brasileira.
Em mensagem divulgada hoje, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, diz que a classe trabalhadora teve "direitos importantes melhorados" e ressalta que "este 1º de maio será um dia de luta pela democracia e pelos direitos sociais conquistados".
"O salário mínimo tem garantido uma política de valorização, que fez com que ao longo desses últimos anos crescesse mais de 80% acima da inflação e por iniciativa da presidenta Dilma [Rousseff], esta política de valorização de crescimento e garantia do salário mínimo, está garantida até 2019. A renda do nosso povo, em média, subiu mais do que 60% acima da inflação. Todos ganharam", enfatiza o ministro na mensagem.
Previdência Social
De acordo com o ministério, a política de valorização do mínimo também impacta diretamente os benefícios da Previdência Social, já que cerca de 70% dos beneficiários recebem o piso - contingente de 22,5 milhões de pessoas. Em dez anos, o valor médio das aposentadorias, por exemplo, já acumula ganho real de 34,7%.
"A Previdência Social ampliou, acolheu mais e mais trabalhadores e trabalhadoras. Em março deste ano, 33 milhões de brasileiros e brasileiras receberam benefícios sociais.", afirma Rossetto.
Em 2014, caso os benefícios da Previdência Social não fossem pagos, 26 milhões de pessoas entrariam na faixa da pobreza - e não teria ocorrido uma redução de 13,3% entre os mais pobres. Os dados são de estudo do Departamento do Regime Geral de Previdência Social, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014.
"Tivemos um ano de 2015 difícil, nossa economia parou de crescer. Problemas provocados pela crise internacional, problemas internos e por essa artificial e irresponsável crise política não ajudaram em nada o nosso país. Mesmo diante dessas dificuldades, temos que comemorar as nossas conquistas, que foram muitas, temos que trabalhar para que elas sejam preservadas. Não vamos aceitar que interesses políticos, interesses econômicos, que não são os interesses da classe trabalhadora destruam aquilo que foi conquistado com muito trabalho e com muita dedicação", diz Rossetto.